Pedro Passos Coelho frisou, esta sexta-feira, que o PSD encara o futuro "sem pressa" e defende "a estabilidade", acrescentando que “o atual Governo não tem nenhuma razão para se desculpar com o que vai acontecer. É este Governo o inteiramente responsável pelo que acontecer ao nosso país nos próximos anos". "E, se discordamos do caminho que este Governo está a seguir, não deixamos de respeitar, evidentemente, a maioria que suporta o Governo no parlamento. E essa maioria no fim do mandato deverá responder pelos resultados", defendeu. Segundo o ex-primeiro-ministro, "ninguém acredita em Portugal que esta maioria dure quatro anos, mas isso não é evidentemente por causa do PSD". Passos Coelho apontou as recentes declarações sobre a reestruturação da dívida: "o Bloco de Esquerda já avisou que ou há reestruturação de dívida, ou não há acordo para o Orçamento de 2017. Já está a prometer uma crise política em fevereiro a pensar que não pode fazer, como o Syriza fez, a coresponsabilização pela governação. E o Partido Comunista não perdeu dois segundos, disse: não, não, não é para 2017, é já para 2016, vamos já discutir o assunto, não vá alguém adiantar-se neste resultado. Não sei se o PS acha que isto o ajuda a parecer um partido moderado. Veremos como é que essa negociação avança", completou. Quanto à posição do PSD, acrescentou: "não é quando as coisas se complicam à nossa volta que nós deitamos mais achas para a fogueira, que lançamos e semeamos a instabilidade, ou que fazemos as provocações e nos decidimos a deitar pedradas a quem não está de acordo connosco". "Fiquem a saber: nós não temos medo de pedradas, nem nos deixamos enganar por quem esconde a mão e por quem faz o exercício das sombras, nós sabemos o que se está a passar, opomo-nos ao que se está a passar e continuaremos a dizer aos portugueses que, se não querem o que se está a passar, podem voltar a confiar no PSD", concluiu. De seguida, Pedro Passos Coelho acusou António Costa, de fazer um "ataque descabelado" e inédito ao Banco de Portugal e de governar com falta de cultura democrática. "Nada justifica o ataque institucional declarado a uma entidade independente por parte de um Governo que sabe que, para conduzir a estratégia de desnorte em que mergulhou, precisa de comandar tudo e ter quem lhe obedeça, e quem discordar, a bem ou a mal, tem de mudar", criticou o presidente do PSD, acrescentando que “isto não é uma democracia com os pesos e contrapesos que são necessários, com a divisão de poderes que é necessária, com a limitação das competências que são necessárias a uma sociedade plural e equilibrada. Nós vamos ouvindo, à medida que os meses passam, várias manifestações desta falta de cultura democrática". Segundo o ex-primeiro-ministro, o Governo do PS fez "um ataque descabelado ao Banco de Portugal, à autoridade independente, ao supervisor independente", o que apontou como um "episódio inédito" e "inaceitável". No seu entender, o PS tem-se aproximado dos "partidos mais radicais", comportando-se "dentro da lógica do quero, posso e mando". "Quando não se concorda com eles, não são tolerantes e atacam violentamente as instituições. Este comportamento não pode continuar", defendeu o presidente do PSD, considerando que "não é sequer corajoso", pois "é o comportamento de quem atira a pedrada e depois quer esconder a mão". "O que é que vamos dizer aos investidores, o que é que vamos dizer aos nossos parceiros europeus? Que nos estamos a transformar num país em que todos os que não concordam connosco têm de ser removidos ou pôr o lugar à disposição porque só aceitamos a unicidade da decisão que o Governo tomou?", questionou Passos Coelho.
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